História negra
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Fui arrancado do meu próprio berço
Do berço de minha mãe África
Feito cativo por estrangeiros
E pelos de minha própria raça
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Levados a todas as partes do mundo
De forma sempre muito degradante
Em navio, ou pior, tumba flutuante
Na parte de baixo, sempre no fundo
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Despejado em uma terra desconhecida
Tratado como animal sem direito
Com um triste coração batendo ao peito
Agora um escravo, sem direito à vida
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Sempre açoitado e por vezes molestado
Por aquele que se dizia meu dono
Jogado na senzala, ferido, ao abandono
Sem direito a reclame, sofrendo calado
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Por muito tempo vivi desta forma
Enriquecendo “meu senhor” e este país
Mas sem direito de ser feliz
Pois esta era a regra, era a norma
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Fui libertado por assinatura em um papel
Mesmo sem aprovação de “meu senhor”
Colocado em liberdade pela filha do imperador
Por uma princesa de nome Isabel
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Com muita lágrima, sangue e suor
Com outros povos construí esta nação
Mesmo desprezado e tratado como cão
Misturados, transformados em um só
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Brancos, negros e também o gentil
Juntos na labuta sempre a pelejar
Construímos juntos uma casa, um lar
Construímos um país chamado Brasil.
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Por: Adriano Cantanhêde
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