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Eu cheguei ao local da festa às 23:30 horas. Estava vindo da casa de minha namorada Juliana que não quis vir por não estar sentindo-se muito bem.
Eu cheguei ao local da festa às 23:30 horas. Estava vindo da casa de minha namorada Juliana que não quis vir por não estar sentindo-se muito bem.
Havia vários carros no local. Procurei então uma vaga para estacionar, o que foi difícil tendo em vista que além dos muitos carros havia, também, muito material de construção espalhado. O local escolhido para a festa foi uma antiga fábrica que estava sendo reformada. Tinha dois andares e provavelmente uma parte inferior onde seria o estacionamento. Estava toda suja e sem pintura.
Ouvi algumas estórias sobre essa fábrica. Dizem que o prédio foi construído sobre o local onde antes foi um manicômio que incendiou durante uma noite, matando vários pacientes e funcionários. Até onde sei os empreendimentos instalados neste local não prosperam.
Posso dizer que o local era perfeito.
A festa comemorada era o dia das bruxas, e todos teriam que comparecerem fantasiados, mas eu não tive tempo de comprar nem uma fantasia. Na verdade nem tinha certeza de que realmente iria para a festa. Desde cedo estava com o pressentimento de que algo de muito ruim iria me acontecer naquele dia. Mas mesmo assim fui à festa.
Estacionei o carro a uns cem metros da entrada principal da fábrica, desci e vi os carros de Ricardo e Roberto, pensei comigo mesmo que aquela festa prometia loucuras. Onde esses dois estavam nada acontecia normalmente.
Quando me aproximava avistei alguns conhecidos conversando na entrada e, de repente, alguém veio por trás de mim e cobriu meus olhos com duas mãos ásperas e frias. As toquei para ver se adivinhava a quem pertencia, assustei-me quando senti que as mãos eram grandes e enrugadas como as mãos de um velho. Tirei as mãos do meu rosto e virei rapidamente para ver quem era e descobri que se tratava de Marcela. A linda Marcela! Ela estava fantasiada de Bruxa e usava luvas de borracha. Todos riram de mim.
- Não se assuste Rafael! Disse Marcela sorrindo.
- Sou eu sua linda bruxinha!
- Olá Marcela, não tinha ti reconhecido.
- Vamos entrando meu amigo, só faltava você!
- disse Roberto parado em pé à porta.
Fui até ele, que era o responsável pela festa, e o acompanhei até onde estavam os convidados da festa. Marcela nos acompanhou. Era um grande salão devidamente decorado para a ocasião. O local estava cheio, e muitas pessoas não reconheci devido às fantasias. Avistei um cara ao longe, do outro lado do salão acenando para mim. Ele estava fantasiado de vampiro e abraçava uma mulher loira, ambos sobre uma mesa. Até este momento não havia reconhecido quem era por causa da maquiagem, mas mesmo assim acenei de volta. O exótico casal desceu da mesa e veio passando por entre a multidão.
Quando eles chegaram, ele disse:
- Gostou da fantasia?
Então percebi que se tratava de Ricardo.
- Gostei! Respondi.
- Nem mesmo tinha ti reconhecido!
- Rafael, quero ti apresentar Janayna!
- Olá Janayna. É bom conhecê-la!
- Olá Rafael, o Ricardo já havia falado de você.
- Espero que bem!
- Ô Rafael! Claro que bem né meu chapa. Mas não olha muito para minha gatinha que é para não gastar. Ela é só minha.
Nesse momento, Roberto tocando meu ombro disse:
- Toma sua cerveja.
- Obrigado!
Você já conhece Janayna? Perguntou Ricardo ao Roberto.
- Claro! Você me apresentou há meia hora.
- Então, disse Ricardo, nós dois vamos voltar para o outro lado do salão e vamos curtir essa noite que está apenas começando. Fui!
Nesse momento pararam a música e Joel, um conhecido nosso, convidou Roberto até o palco para anunciar que só faltavam três minutos para a meia noite. Todos gritaram e aplaudiram. Meia noite seria o ponto alto da festa e Roberto, como organizador do evento, prometera uma surpresa para todos. Retornaram a música e o pessoal se agitou mais ainda.
Resolvi dá uma volta pelo salão e reencontrei Rafaela, que mesmo fantasiada de bruxa, continuava mostrando toda sua beleza. Fez sinal me chamando para dançar. Aceitei prontamente o convite e fui até ela.
- E Juliana, ela não vem!?
- Não! Ela não estava se sentindo muito bem então resolveu ficar em casa.
Rafaela mostrou um lindo e largo sorriso como se tivesse ficado feliz com minha resposta. Lembrei-me, então, que há alguns dias Ricardo havia me dito que Rafaela estava louca por mim. Naquela ocasião não tinha dado muita atenção para o que dissera, pois às vezes ele não diz coisa com coisa, é muito pirado.
Eu disse à Rafaela que precisava ir até o banheiro, saí e fui até onde Roberto estava e perguntei onde ficava o banheiro.
Ele respondeu:
- Na verdade só há um banheiro e está reservado para as mulheres. Os homens estão utilizando o subsolo onde será a garagem da fábrica.
- Como chego até lá?
- É só seguir direto naquele corredor e virar na primeira porta à esquerda. Lá tem uma escada. É só descer! Só não ti acompanho, pois já é meia noite e tenho que apresentar a surpresa pra galera!
- Certo! Eu encontro.
Segui o corredor que ele me indicara. Encontrei a porta, abri e desci a escada que ainda estava por terminar. Quando cheguei ao final da escada logo percebi que era o local que Roberto indicara. Havia dois caras urinando. E o fedor já denunciava a utilidade daquele local.
Assim que cheguei os dois caras terminaram. Saíram conversando e subiram novamente a escada. O lugar estava úmido e sujo. Típico de um banheiro improvisado. Do outro lado havia uma escada igual a que eu utilizei para chegar até ali.
Então comecei a urinar e percebi que vinha descendo uma pessoa na outra escada. O sujeito andava todo esquisito como se estivesse bêbado ou drogado. Como se tratava de uma festa do dia das bruxas achei que certamente seria uma pessoa fantasiada, não dei atenção e continuei urinando. Ao acabar percebi que o sujeito estava logo atrás de mim. Virei para ver. Ele estava a uns três metros, próximo a uma coluna. Naquela escuridão não dava para ver quem era. Ele foi se aproximando andando daquele jeito esquisito.
Eu comecei a ficar assustado e antão perguntei:
- Quem é você?
Ele não respondeu e se aproximou mais ainda.
Repeti a pergunta e nada obtive de resposta a não ser mais aproximação. Foi quando ao está na minha frente percebi que ele não tinha rosto.
Aproximei-me para ver melhor, ainda com as mãos no zíper. Ele avançou em mim e com suas mãos frias pegou meus antebraços, levantou-me do chão e lançou-me a uns quatro metros de distância. Cai em cima de um entulho de material de construção.
Caído ao chão olhei para ele, quando veio em minha direção apanhei um pedaço de madeira que estava ali e bati de encontro à sua cabeça. Prá! Ele não demonstrou sentir dor, então continuou vindo em minha direção. Eu corri em direção a escada de onde ele havia vindo. O miserável estava entre eu a escada que eu utilizara para chegar até ali. Não havia outro jeito de subir.
Quando estava chegando na dita escada, percebi outro sujeito com as mesmas características do primeiro, descendo por ela. Qual não foi meu desespero. As duas passagens estavam interrompidas. Estou perdido! Estou morto! O que faço!? O que faço!?.
Os dois estavam se aproximando. Percebi um grande portão que dava para a parte de trás da fábrica, corri até lá e entrei. Estava muito escuro. Não consigo ver nada. Socorro! Socorro! Continuei correndo sem saber para onde. Escorreguei e cai em um grande buraco e à medida que caia gritava socorro! Socorro! Cheguei ao fundo, bati a cabeça no criado mudo quando cai da cama.
Mamãe abriu a porta e me vendo no chão, perguntou:
- Meu filho, o que está acontecendo?
Levantei ainda atordoado e respondi:
- Nada mãe. Foi só um sonho!
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Por: Adriano Cantanhêde
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